Destruição da camada de ozônio: um problema varrido para baixo do tapete

Imprensa parece ter esquecido que o buraco na camada de ozônio continua a aumentar

Por João Reis, 08/07/08

Os problemas ambientais estão cada vez mais em evidência. Mas a mídia tende a destacar questões como o aquecimento global e sua motivação mais direta, que é o lançamento dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera terrestre, além do desmatamento, em detrimento de outras problemáticas de igual relevância.

É exemplar o aparente esquecimento da destruição da camada de ozônio, tema que esteve em voga durante os anos 90, desde que um grande buraco foi localizado na região antártica. Atualmente, são extremamente raras as notícias veiculadas tanto pela Grande Mídia quanto pelos meios de comunicação especializados que abordem essa questão. O que pode ser verificado ao se fazer uma clipagem das matérias veiculadas este ano por veículos de grande credibilidade, como a Folha de São Paulo On Line e o Portal do Meio Ambiente. Em 2008, por exemplo, nenhuma matéria (não incluo aí artigos ou resenhas) foi divulgada nesses sites sobre a camada de ozônio*, que ainda vem sendo degradada, embora não com mesma intensidade de antes, graças às mudanças proporcionadas pelo Protocolo de Montreal, em vigor desde 1989.

A camada de ozônio é formada por um gás de mesmo nome (O3), que protege animais, plantas e seres humanos dos raios ultravioleta emitidos pelo Sol. Na superfície terrestre, o ozônio contribui para agravar a poluição do ar das cidades e a chuva ácida. Mas, nas alturas da estratosfera (entre 25 e 30 km acima da superfície), é um filtro a favor da vida. Sem ele, os raios ultravioleta poderiam aniquilar todas as formas de vida no planeta.

Em 1977, cientistas britânicos detectaram pela primeira vez a existência de um buraco na camada de ozônio sobre a Antártida. Desde então, têm se acumulado registros de que a camada está se tornando mais fina em várias partes do mundo, especialmente nas regiões próximas do Pólo Sul e, recentemente, do Pólo Norte.

Em 2007, o buraco na camada de ozonio que recobre a Antártida apareceu mais cedo do que o habitual, segundo a agência meteorológica da Organização das Nações Unidas (ONU). Isso aconteceu apenas um ano depois de o mesmo ter atingido tamanho recorde, quando alcançou uma área de 27,5 milhões de quilômetros quadrados

Casos de cancer de pele aumentaram no Brasil e no mundo

A degradação da camada de Ozônio permite maior exposição das moléculas orgânicas à radiação UV, que produz alterações significativas e formam ligações químicas nocivas aos seres vivos. Essa radiação atinge em especial o fitoplâncton (organismo que está na base da cadeia alimentar marinha), que morre por sua ação.

Problemas como o aumento dos casos de câncer de pele são conseqüências diretas do afinamento da camada de ozônio. Segundo o Instituto Nacinal do Câncer (INCA), o câncer de pele é o tipo com maior incidência no Brasil. Em 2008, estima-se que mais de 100 mil brasileiros serão atingidos por essa doença, cujo grau de letalidade é baixo, ao contrário do melanoma, um tumor de pele altamente letal. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ocorrem mais de 130 mil novos casos do melanoma de pele por ano em todo o mundo.


A destruição da camada de ozônio não é, portanto, apenas uma questão ambiental, mas de saúde publica. Por que, então, continua-se a negligenciar esse problema?


* Ver clipping de noticias no endereço www.eco.ufrj.br/pesquisaambiental

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