Semana de Comunicação Ambiental da UFRJ: uma abordagem pragmática da questão ambiental

Artigo escrito por Jones Vieira, estudante da disciplina "Comunicação Ambiental" (ECO/UFRJ), dezembro de 2007.

Este trabalho nasce das ponderações feitas na Semana da Comunicação Ambiental da UFRJ, promovida pelo PET-ECO (Programa de Educação Tutorial da Escola de Comunicação). No dia 6 de novembro, compuseram a mesa Perspectivas da Comunicação Ambiental Ricardo Braun, autor do livro Novos Paradigmas Ambientais – Desenvolvimento ao ponto sustentável; Leonel Aguiar, professor da PUC-Rio; José C. Marques, professor da Mackenzie; e Carlos Minc, secretário de Meio Ambiente do Estado do RJ. No segundo dia, Carlos Tautz, do IBASE, Vilmar Berna, fundador do Jornal do Meio Ambiente, René Capriles, diretor da revista ECO 21, e Zacharias Bezerra de Oliveira, assessor da Terrazul, discorreram sobre Comunicação Ambiental e Sociedade Civil. O terceiro e último dia contemplou o tema Comunicação e Gestão Ambiental, com Haroldo Matos, presidente do Pnuma, Fernanda Dorta, da Rejuma, e Valéria Vinha, do projeto ResexMar.

Como os palestrantes não se prenderam ao tema de suas respectivas mesas, será comum, neste trabalho, ver as palavras de Tautz, por exemplo, sendo usadas para abordar aspectos da comunicação e da educação ambiental e do novo modelo de sociedade civil. Outros autores foram usados para explicar conceitos e aspectos não abordados pelos palestrantes e que se mostraram necessários.

Do exposto na Semana, desenvolveu-se um trabalho com quatro faces. Na primeira, mostrar-se-á a aproximação entre mídia e meio ambiente nas últimas três décadas, bem como os desafios para a comunicação ambiental no início do século XXI. O tema seguinte é a Gestão Ambiental, conceito recente, muito ligado ao de desenvolvimento sustentável. A intenção é abordar a mudança de tratamento das questões ambientais pelas autoridades públicas e instituições privadas. Na seqüência, faz-se um panorama histórico da relação entre a Sociedade Civil Organizada e o meio ambiente. Por fim, abordam-se diversos aspectos da educação ambiental, ponto comum para o qual apontaram as três faces anteriores.

Índice

  • Perspectivas da Comunicação Ambiental
  • Gestão ambiental
  • A sociedade civil organizada
  • Educação ambiental

PERSPECTIVAS DA COMUNICAÇÃO AMBIENTAL
[Esta terra] tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, umas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoreois. De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. (...) Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.

Com estas palavras, Pero Vaz de Caminha, o escrivão do rei D. Manuel, descreve a paisagem das terras recém-conquistadas por Pedro A. Cabral, que mais tarde viriam a ser chamadas Brasil. Esse registro de 507 anos dá origem a um discurso histórico de natureza pujante, bela e eterna, que se reproduziria na literatura, na música, na pintura, no cinema, nas plataformas de governo, no papo sem compromisso entre as pessoas. Para José Carlos Marques, o mito da natureza inesgotável trouxe prejuízos ao discurso ambiental e comprometeu a forma de relacionamento de governantes, empresários e trabalhadores com o meio ambiente. Trata-se, nas palavras reaproveitadas de Ferreira, de um mito que “coloniza e bloqueia, muitas vezes, nossa maneira de pensar com discernimento”.

Diante desse quadro, agir sobre estas consciências, “sem perder de vista o imaginário presente nos discursos fundadores do Brasil” (Marques), tem sido o maior desafio da comunicação ambiental, cuja atividade é influenciada por uma série de fatores: mercado, publicidade, grande mídia, mídia segmentada, especialização profissional e enfoque socioeconômico.

Novas relações entre mídia e a questão ambiental

Aquecimento global, alimentos transgênicos, escassez de recursos hídricos, desmatamento de florestas nativas, entre outros, consagraram-se como temas midiáticos nos últimos anos, ocupando lugar cativo na ordem do dia e na agenda do público. Mas nem sempre foi assim. Décadas atrás, a ideologia ambientalista era vista como inimiga do progresso econômico (poluição=progresso). “Cientistas e autoridades governamentais afirmavam existirem limites insuperáveis para a exploração”, percebendo eles, com o tempo,a “necessidade de frear a expansão material ilimitada da sociedade” (Aguiar) . Hoje as empresas vêem a preservação do meio ambiente como um meio de auferir lucro e os governos, de fortalecer a imagem perante o eleitorado e de fazer lobby junto à iniciativa privada.

Os meios de comunicação acompanharam de perto esse processo, inclusive participando dele, ao dar novo tratamento para a questão ambiental. Leonel Aguiar aponta alguns eventos marcantes nas últimas décadas que resultaram numa maior cobertura jornalística de fatos ambientais, como a instituição pela ONU do Dia Terra (1970) e a Conferência sobre Meio Ambiente de Estocolmo (1972 – a primeira a falar da finitude dos recursos naturais), que foram capa e manchete de grandes jornais e revistas dos EUA, como a Time e a Life.

Aguiar não menciona em sua abordagem histórica o acidente radioativo na usina nuclear de Chernobyl, na antiga URSS. Mas esse fato colocou novamente em foco a ideologia do progresso, “revelando brutalmente os limites dos poderes técnico-científicos da humanidade e as marchas à ré que a natureza pode nos reservar”, como fizera a AIDS anos antes (Guattari, Três Ecologias, pp. 24). Chernobyl mostrou também como acidentes locais podem afetar, sob diversos aspectos - físicos ou emocionais, políticos ou econômicos - países distantes, de hábitos, cultura e organização política distintas. Mais que evento-chave do colapso da União Soviética, este acidente é um fenômeno típico da Sociedade de Risco, onde, segundo Beck, os riscos são democráticos, transfronteiriços, afetando classes sociais e nações indistintamente.

Um ano depois, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU publicou o relatório Nosso Futuro Comum. Nele, aparece para o público, pela primeira vez, o conceito de desenvolvimento sustentável (aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades), que tem “assegurado amplos espaços de divulgação nos meios de comunicação de massa”, sobretudo por “acomodar consensualmente interesses empresariais e governamentais” (Aguiar). Ainda sob a repercussão do relatório, em 1988, a Time elegeu o planeta Terra como personalidade do ano, fato este que, para muitos pesquisadores, “pode ser entendido como uma ruptura na representação social dos desequilíbrios ecológicos globais que ameaçam a biosfera” (idem). Afinal, explica o autor, Time, apesar de símbolo do mundo capitalista, propõe “mudança urgente no modelo de desenvolvimento e nos atuais modos de vida para solucionar a crise ambiental” (id.).

Os debates iniciados em 1987 prosseguiram na Conferência Rio-92, cuja importância histórica se dá por diversos fatores, enumerados por Bursztyn, entre eles a presença marcante de dirigentes estrangeiros e da sociedade civil organizada, além de representar a entrada do debate ambiental no business. Os principais jornais e revistas brasileiros lançaram cadernos especiais e fizeram ampla cobertura do evento, de tal modo que, “em muito pouco tempo, os temas da agenda de discussões já eram do conhecimento geral, embora, evidentemente, sem aprofundamentos” (Bursztyn).

De então até hoje, a pauta do meio ambiente tem só aumentado. Os meios de comunicação dedicam cada vez mais espaço à questão ambiental, cumprindo o papel de mediador entre ciência, autoridades governamentais e sociedade civil. “Hoje não existe um jornal, seja ele impresso ou eletrônico, que se recuse a noticiar algum acontecimento da esfera ambiental. O meio ambiente é importante demais para que a mídia o ignore”. (Eliana Lima).

Qualidade prejudicada

Entretanto, o crescimento do espaço dado às questões ambientais não é acompanhada por uma cobertura adequada e de qualidade, como atestam as pesquisas realizadas pela Andi, por José Marques e Leonel Aguiar. Recentemente, em 2004, um grupo de professores e jornalistas (Luiz Motta, José Drummond, Antonio Queiroz e Elimar do Nascimento) da Associação de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) realizou pesquisa sobre a cobertura ambiental nos jornais Estadão, Folha de SP, Globo, JB, Correio Braziliense, Valor Econômico e Gazeta Mercantil. Foram analisadas apenas as matérias que tratavam do tema “transgênicos”. E, segundo eles, as conclusões são dramáticas, pois revelam uma “cobertura pouco qualificada, restrita a interesses econômicos específicos, pouco diversificada e nada pluralista”.

Outra pesquisa, dessa vez assinada por José Marques e apresentada na Semana de Comunicação Ambiental, chega a conclusões semelhantes à da ANDI, embora haja indícios de mudanças. O objeto de análise foram capas da revista Veja de 1990 até hoje. Marques percebe que o discurso da revista se modificou com o passar dos anos, concluindo que:

1. Veja se mostra cética diante do alarmismo científico-ambiental;
2. A agenda ambiental demora a entrar na pauta da revista;
3. Predomina o sensacionalismo diante de tragédias pré-anunciadas;
4. Conscientização social passa a pautar timidamente o veículo, que antes se preocupava apenas em mostrar soluções.

Já Leonel Aguiar analisou as manchetes do Jornal do Brasil e do Globo de 1992 até o início do novo milênio. As conclusões são mais profundas, envolvem outros conceitos. Só que, mais uma vez, aparecem fatores de ordem econômica e política, no caso o processo de mundialização do capitalismo, determinando as formas de representação social do meio ambiente. Enquanto a Terra se afirma nos discursos jornalísticos como sujeito de Direito – antes era tratada como objeto-, o princípio da responsabilidade jornalística “torna-se um dever moral guiado pelo sentimento coletivo do medo”, e não uma opção ética, pois se encontra direcionado pela antecipação das ameaças e controle dos riscos.

Desafios futuros

Destas análises, despontam três questões referentes às perspectivas da comunicação ambiental, que mereceram a atenção de boa parte dos convidados da Semana. A primeira diz respeito às diferenças de cobertura ambiental promovida pela Grande Mídia (GM) e pela mídia segmentada. A segunda trata da sobrevivência da mídia ambiental. A última foca a especialização do jornalista ambiental.

1. Coberturas distintas. De 1970 ao século XXI, como visto antes, a GM intensificou a cobertura ambiental. A abordagem feita segue a lógica do fait divers e da notícia-espetáculo, com baixo grau de profundidade. Para entrar na pauta, a questão ambiental precisa interessar ao grande público - daí a preferência por acidentes ambientais de impacto. Já a mídia especializada em meio ambiente, embora careça de infra-estrutura, aprofunda-se mais na cobertura de eventos, acidentes e projetos ambientais, focando não só o fato em si, como também as soluções e os desdobramentos. Segundo Caprilés, “se na GM a notícia é informativa e geral, na especializada, ela é seletiva e analítica”. Só que a influência da GM para a formação da opinião pública é incomparável à exercida pela mídia especializada.

2. Sobrevivência no Mercado. As verbas publicitárias, sejam elas privadas ou oficias, têm como primeiro destino a GM – 60% do bolo da Petrobras seguem para as Organizações Globo, comenta Berna. O segundo destino são as mídias do interior e, em seguida, a mídia especializada. No Brasil e em outros cantos do mundo, a GM “constitui-se como negócio privado cujo financiamento obedece às leis de mercado” (Motta e cia.), restando-lhe como único inconveniente livrar-se da desconfiança do público. Para Graça Caldas, no momento em que a informação vira mercadoria na Indústria Cultural, a imprensa esquece sua responsabilidade social na formação da opinião pública e se transforma em mais uma empresa sedenta por lucro. Do comprometimento da GM com o modelo agroexportador, segundo Wilson Bueno, surge um dilema: “seguir o que indicam os olhos e a razão ou ceder à lógica do capital que sugere (ordena?) apostar, cegamente, no lucro”. Optando-se pela segunda opção, a cobertura ambiental sairia prejudicada.

Para a mídia especializada em meio ambiente, o desafio é sobreviver com poucos recursos. Como o mercado consumidor de informação ambiental ainda é reduzido no país, esses veículos dependem excessivamente de publicidade, sobretudo a oficial. É preciso superar o bloqueio econômico de agências de publicidade, de setores de comunicação das grandes empresas e de secretarias de comunicação de governos, que “fingem desconhecer este segmento, apesar de sua importância como agentes de disseminação da informação ambiental” (Berna). “O que parece uma simples questão econômica, na verdade tem sido uma forma de impedir o crescimento e até a manutenção de veículos de meio ambiente” (id.). Segundo René Capriles, editor da ECO-21, depois da ECO-92, já desapareceram mais de 10 publicações impressas especializadas. A fim de contornar a situação, Vilmar Berna, fundador do Jornal do Meio Ambiente e da Rede Brasileira de Informações Ambientais (REBIA), e presidentes de outros veículos ambientais criaram a Ecomídias – Associação Brasileira das Mídias Ambientais, cuja missão encontrar saídas para a falta de financiamento.

3. Jornalista especializado. A especialização em jornalismo ambiental é visto por muitos como a saída para qualificar a cobertura de questões ambientais. Na corrente contrária, Vilmar Berna acredita que a especialização não é viável no Brasil por questões de sobrevivência do jornalista no mercado de empregos, já que a mídia ambiental ainda não constituiu plenamente seu “ethos” no campo da comunicação.

Na Semana, Carlos Minc foi o primeiro a defender a especialização. Caprilés o acompanha, mas faz uma ressalva: só não é possível a especialização dentro do segmento ambiental (mudanças climáticas, Amazônia), devendo o jornalista se preparar para todos os temas ambientais: “Ele deve saber o que são as convenções da ONU sobre mudança climática (...), a legislação ambiental, o Código Florestal etc.”. Outros profissionais da área têm a mesma opinião: Bueno, por exemplo, entende que o jornalista de meio ambiente deve ser um militante. Para ele, “o jornalismo ambiental deve propor-se política, social e culturalmente engajado, porque só desta forma conseguirá resistir às investidas e pressões de governos, empresas e até universidades.” Para tanto, o jornalista ambiental “precisa reconhecer que esta é uma atividade que requer militância, compromisso, capacitação ética e profissionalismo”. Já Eliana Lima explica que “o jornalista não faz o papel de educador porque lhe falta também uma formação específica no campo educacional e principalmente no científico”.

Perspectivas

Berna acredita que, nos próximos anos, a luta dos veículos segmentados será pela democratização da informação ambiental, a qual julga necessária para o desenvolvimento da cidadania ambiental. Ele sugere a criação de “esquemas inovadores para subsidiar o acesso a essa informação ou para eliminar os impedimentos não-econômicos”. Berna tem feito investidas junto ao Ministério do Meio Ambiente, solicitando a criação de políticas públicas para financiar os veículos ambientais. Roberto Belmonte também defende a criação de um fundo público para financiar o jornalismo ambiental, que poderia ser abastecido por recursos internacionais, do mercado de carbono ou de empresas verdes. Para evitar desvio de dinheiro, seria criado também um sistema de controle e de averiguação de resultados, com critérios e objetivos definidos.

No que diz respeito à formação do jornalista, a polêmica tende a continuar. Caprilés e Lima aconselham os novos jornalistas a cultivarem uma bagagem política e cultural. Para Lima, as escolas de comunicação devem investir na formação humanística dos alunos. Graças Caldas vislumbra o aparecimento de novas disciplinas de jornalismo científico e ambiental. Mais que se especializar num determinado tipo de jornalismo, para alguns autores, o profissional deve investir numa formação mais qualificada. A sugestão de Belmonte é o renascimento do jornalismo literário, que contribuirá com a produção de textos mais elaborados. Já a norte-americana Darryl D’Monte, em sua avaliação da imprensa ambiental dos países do Sul, credita boa parte do declínio da cobertura do meio ambiente ao próprio jornalista, “visto mais como benfeitor que usa distintivos verdes em suas lapelas e não possuem a objetividade que seu trabalho demanda”. Corrigir os vícios de seus profissionais, segundo ela, contribuiria bastante para novos rumos do segmento.

Um profissional mais qualificado resultaria numa cobertura afim. Para Ricardo Braun e Leonel Aguiar é preciso algo mais. Para o segundo, a comunicação ambiental poderá escrever nova história caso faça prevalecer a heurística do amor sobre a do medo coletivo. O amor é capaz de sobrepor-se à “negligência que impede a religação da humanidade com o mundo natural, pois é na dimensão dele que está o elo da aliança do homem com a natureza”. Para Braun, os discursos da mídia devem impregnar-se de palavras amáveis (que representam o Aigo, um dos quatro princípios ZEN – os outros são o Dana, doação, o Doji, identificação, e o Rigyo, benevolência), surgindo daí uma cobertura mais preocupada com a veracidade, equilíbrio e imparcialidade.

GESTÃO AMBIENTAL

Acontece com as empresas e as instituições governamentais processo semelhante ao que ocorre no relacionamento entre mídia e a questão ambiental. Os conceitos de gestão ambiental e desenvolvimento sustentável foram incorporados, nem sempre com fidelidade às propostas iniciais, pelas autoridades públicas, numa tentativa de reverter os resultados desagradáveis trazidos pela industrialização e urbanização, seja para preservar os ecossistemas, seja para oferecer melhores condições de vida à população. Já as empresas, para se manterem vivas no mercado, tiveram que aprender que poluição não é sinônimo de progresso e, sim, um antônimo.

O enfoque da gestão ambiental, no Brasil, tem sofrido transformações, ao longo das últimas décadas, com o surgimento de novos instrumentos e envolvimento de múltiplos agentes na busca de soluções mais eficazes para os impactos ambientais negativos, gerados pelos sistemas produtivos. Estas transformações são resultantes de uma nova percepção da sociedade quanto à importância da proteção do meio ambiente e vêm influenciando as ações das instituições públicas e privadas. (Márcia R. da Silva).

Em janeiro de 2007, o deputado Carlos Minc assumiu a cadeira de secretário estadual de meio ambiente prometendo implantar uma gestão ambiental participativa, na qual constava a reestruturação dos órgãos ambientais, a ampliação do Parque Estadual da Ilha Grande, a implementação da política de prevenção dos fatos e das Leis do ICMS Verde e de Educação Ambiental, além de outras dezenas de ações imediatas. Na Semana de Comunicação Ambiental, o secretário disse que gestão ambiental “não pode ser apenas uma técnica, é preciso apropriar-se do conceito, da filosofia e mudar a sociedade”.

A tendência é municípios e países buscarem cada vez mais a gestão ambiental integrada ao desenvolvimento sustentável. Matos, entretanto, mostra que o caminho para se obter o desenvolvimento sustentável e a eficiência na gestão ambiental não é fácil. Entre os desafios apontados por ele na Semana estão: observar a disponibilidade de recursos naturais; não ultrapassar os limites da biosfera para jogar resíduos e poluição; e reduzir a pobreza no mundo. Matos se preocupa também em apresentar algumas soluções, como estabilizar a população mundial e melhorar a educação – para minimizar os efeitos da pobreza; adotar novos indicadores de desenvolvimento sustentável, já que o PIB é incapaz de refletir o esgotamento e a degradação do meio ambiente; reformar o sistema tributário: taxar mais o que se deve reduzir, como a poluição, e taxar menos o que deve ser aumentado, como o emprego e a renda. Acrescenta-se a estas medidas o direito ao desenvolvimento. Durante bom tempo, a causa ambientalista não via como maus olhos impedir algumas populações de usarem de seus recursos naturais para gerar riquezas e o bem-estar. “Hoje se busca evitar que essas populações cometam os mesmos erros daqueles que obtiveram riquezas às custas de danos irreversíveis à natureza” (Bursztyn).

Um pouco de história

O conceito de gestão ambiental tornou-se público nos anos 80, num dos debates que sucederam Estocolmo-72. São ações necessárias à implementação de uma política voltada ao meio ambiente, sempre visando ao uso sustentável de recursos ambientais. Para tanto, essas ações podem assumir caráter político, econômico, científico, tecnológico ou informacional (Bursztyn). Como trata do uso racional dos recursos naturais, aproximou-se do conceito de desenvolvimento sustentável, que se encontra apoiado na tríade: economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente equilibrado, numa alusão às três ecologias de Guattari (mental, social, natural).

Nos anos 70, os problemas ecológicos deixavam de ser locais para serem universais, abarcando todas as classes, etnias e faixas etárias. A percepção de como os problemas ambientais afetam a economia e o desenvolvimento das sociedades fez com que autoridades governamentais, empresas, indústrias e coletividades tomassem, em graus e com propósitos diversos, a proteção ambiental como desafio. O interesse crescente da mídia pela questão ambiental resultou numa maior conscientização ecológica. E por causa disso, as empresas começaram a trabalhar na construção de uma imagem ecologicamente correta. Antes, “as indústrias concentravam suas preocupações, exclusivamente, com produção e lucro. Ações para proteger o meio ambiente eram insignificantes” (Pereira & Tochetto).

“Quando obrigadas a atender à legislação ambiental, naquela época (anos 70), as indústrias não tinham outra alternativa a não ser (...) instalar caros e sofisticados filtros em suas chaminés e volumosas estações de tratamento dos resíduos líquidos”, o que aumentava o custo final do produto, lembra Haroldo Matos, que chama esta atitude empresarial de reativa. Nos anos 80, as empresas começaram a modificar seus processos de produção, adotando tecnologias mais limpas ou sistemas de gestão ambiental eficientes. Ao diminuir os custos de produção, as empresas tornaram-se mais competitivas. Assim, “o meio ambiente e a competitividade não são mais antagônicos, e a atitude empresarial com relação ao meio ambiente é mais pró-ativa”. O que Matos quer mostrar ao fazer esta abordagem histórica é a mudança na atitude empresarial ocorrida nas últimas décadas.

Hoje, se quiser se manter no mercado, cada vez mais competitivo, uma empresa não pode ignorar a gestão ambiental. Entre os benefícios advindos desta, estão, além da melhoria da imagem, a redução de custos na produção, menores riscos de infrações e multas, aumento da produtividade, facilidade na obtenção de recursos junto a bancos e credores, melhoria da competitividade e surgimento de novas tecnologias.

A implantação de um sistema de gestão ambiental é a resposta dada pelas empresas para controlar os impactos causados, isto é, representa uma mudança organizacional motivada pela internalização ambiental e externalização de práticas que integram o meio ambiente e a produção. (Pereira e Tochetto).

Na Semana de Comunicação Ambiental, Haroldo Matos apresentou várias certificações que atestam a ecoeficiência das empresas. Entre elas está a série ISO 14000 e o Selo Verde. Para receber este último, as empresas precisam provar que a fabricação e o produto em si não afetam o meio ambiente. A rotulagem ecológica acaba por estimular outras empresas a buscar a ecoeficiência, contribui no desenvolvimento da consciência ambiental dos consumidores e assegura o cumprimento da legislação ambiental. A ISO 14001 é concedida às empresas com sistema de gestão ambiental eficiente e é sinônimo de competitividade e boa imagem diante do público. Sem ela, “não se abrem as portas lá fora. Assim, para atingir o mercado externo tornou-se indispensável possuir um passaporte verde” (Scherer & Poledna).

O Marketing Verde

A ISO 14001 se transformou numa ferramenta estratégica do marketing verde. Ela é capaz de desenvolver produtos que causem pouco impacto sobre o meio ambiente, a partir da conjugação do preço, da conveniência, da performance e da compatibilidade ambiental. É capaz também de criar, reforçar ou sustentar uma imagem de qualidade junto ao público, funcionários, dependentes e mercado em geral. Suas atividades transcendem os limites da publicidade, englobando todo o processo produtivo, da obtenção de matéria-prima à distribuição para os mercados. “O respeito pela natureza começa pela fábrica” (Conti in Perfeito). Segundo Matos, “as empresas buscam desempenho ambiental superior ao exigido pelas normas”. Esta é uma “prova de que cuidar do meio ambiente é um grande negócio!”. Alguns autores concordam que, no longo prazo, o marketing verde será questão de sobrevivência, atuando mais na manutenção do mercado do que na divulgação de peças para o público.

A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Não foi apenas a relação da mídia, do empresariado e das autoridades políticas com o meio ambiente que se intensificou nos últimos 30 anos, como visto anteriormente. As bases da sociedade contemporânea reformularam-se e, para este rearranjo, a sociedade civil organizada desempenhou papel importante, mostrando-se cada vez mais participativa, exercendo pressão sobre governos, empresas e agências multilaterais, através de da mídia, de manifestações públicas, da interferência na tomada de decisões etc.

E nesta sociedade mais presente e ativa no que diz respeito às questões ambientais, destacam-se as ONGs. Uma delas esteve presente na Semana da Comunicação Ambiental: a Associação Alternativa Terrazul, através de seu assessor de comunicação, Zacharias Bezerra de Oliveira. Criada por sindicalistas do Ceará, a Terrazul participa de campanhas em defesa do meio ambiente, ampliando o debate sobre os problemas ambientais e incentivando a construção de uma sociedade sustentável. A aproximação da ONG com instituições do governo, como o Ministério da Justiça, resultou em programas como o de Educação Ambiental e Consumo Sustentável, que visa à formação de consumidores com consciência ambiental.

De Estocolmo-72 a Rio-92: a atuação das ONGs

As conferências sobre meio ambiente da ONU são marcos históricos da questão ambiental não só por ampliar os espaços na mídia ou por trazer novos desafios para a gestão empresarial e pública, mas também por servirem como parâmetro para a atuação da sociedade civil. Na Conferência de Estocolmo-72, por exemplo, “a participação da sociedade civil organizada foi praticamente nula (...), o que colaborou para que posições como a do Brasil – da defesa de seu direito de poluir e explorar seus recursos naturais sem o menor critério de sustentabilidade, não fossem sequer criticadas” (Feldman). Vinte anos depois, na Conferência do Rio, além da presença de autoridades de 179 países, houve a participação de mais de 4000 ONGs, mas elas ainda “não estavam totalmente inseridas no debate, já que sua presença foi apenas permitida fora das reuniões oficiais da Conferência” (id). A década que se seguiu a Rio-92 foi de grandes conquistas para a sociedade civil, e um sintoma dessa evolução pôde ser percebido na Rio+10, em 2002, quando as ONGs “ocuparam definitivamente seu espaço na agenda internacional quando se trata do tema ambiental. Atualmente é impossível imaginar uma agenda de tomada de decisão neste tema que não inclua a participação de ONGs” (id). Afinal, até na ONU, as ONGs já cavaram seu espaço, podendo adquirir status de consulta ou observação – atuam no desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre temas específicos.

Em dezembro de 1972, a ONU criou o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), como previsto em Estocolmo, cuja missão é coordenar as ações internacionais de proteção ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Para Samira Marzochi, o PNUMA estimulou a criação e o fortalecimento de ONGs ambientalistas. Por sinal, para a criação do programa, a ONU pediu a colaboração de representantes de ONGs que desempenhavam interesse na área. A Semana contou com a presença de Haroldo Mattos, presidente do Instituto Brasil Pnuma. Ele abriu sua apresentação reproduzindo um discurso de 1908 do presidente norte-americano Theodore Roosevelt, que trata da conservação dos recursos naturais. “Por que palavras tão sábias proferidas por alguém tão influente continuam a ser discutidas?”, pergunta Haroldo, que, na seqüência da palestra, falou sobre a crise ecológica (aquecimento global, a escassez de água, esgotamento do petróleo etc.) e sobre os desafios para o desenvolvimento sustentável – e é deste ponto que voltamos a falar das ONGs.

Segundo Marzochi, as ONGs ambientais e as agências especializadas da ONU compõem o sistema perito ecológico mundial, que tem o objetivo de manter o desenvolvimento sustentável como o centro das preocupações econômicas, políticas e sociais. Giddens define sistema perito como “sistemas de excelência técnica ou competência profissional que organizam áreas tanto de ambientes materiais e sociais em que vivemos”. Em palavras simples, são todas as formas pelas quais tecnologia e ciência apresentam-se para a sociedade, como os artefatos, o conhecimento ou o poder institucionalizado (Renzi). Os sistemas peritos, sempre associados ao industrialismo, atuam como mediadores da relação entre o homem e a natureza, substituindo a tradição, num processo difícil de ser revertido, já que esses sistemas mostram-se como um aspecto inescapável da modernidade e “passam a estar presentes nas próprias tentativas de salvar a natureza”. É o que acontece, por exemplo, com as chamadas ONGs empresariais ou industriais que atuam no movimento ambientalista, cuja visão sobre meio ambiente é pautada pelos interesses econômicos das empresas aos quais estão ligados. A maioria das ONGs recebe dinheiro público ou privado. O Greenpeace é uma das raras exceções, pois rejeita financiamento de governo ou empresas, mantendo a imparcialidade de seus programas e projetos. Na ONU, os representantes das ONGs empresariais superam em cinco vezes os da sociedade civil. Esse desequilíbrio é uma das limitações a serem contornadas pela sociedade civil organizada nos próximos anos – outra é o peso maior que os Estados, membros permanentes das conferências, têm na elaboração de documentos da ONU (Marzochi).

Para Feldman, a sociedade civil organizada no Brasil ainda não atingiu o nível de importância a que chegou a transnacional. Exemplo disso é “a demora de 14 anos para que a Lei da Mata Atlântica fosse aprovada, já que muito pouca ou nenhuma mobilização social foi feita nesse sentido”. Já Bursztyn aponta as audiências públicas e os colegiados consultivos e deliberativos, entre outros canais além das ONGs, como avanços significativos no que se refere à participação da sociedade civil no debate de políticas públicas, citando como exemplos o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e o processo de elaboração da Agenda 21 brasileira no Ministério do Meio Ambiente.

Um outro exemplo foi exposto na Semana por Ricardo Braun: as ecovilas, modelo de assentamento humano sustentável apoiado pela ONU. Nele, incentiva-se a abertura de poços artesianos e a captação de água da chuva; a construção de banheiros compostáveis; uso de energias renováveis; o uso de tijolos-ecológicos; a preferência pela bicicleta como meio de transporte; sistema participativo de tomada de decisões; aplicação da economia solidária e de princípios holísticos etc. As ecovilas apresentam conceitos, valores e critérios que não agridem o meio ambiente e vão de encontro à visão de mundo predominante. O consumismo, por exemplo, é substituído pelo uso apenas do necessário e pela reciclagem. Já a crença nas amplas reservas de recursos dá lugar a um planeta com recursos limitados. Alguns fatores que estão nas raízes dos problemas da humanidade, segundo Braun, seriam corrigidos com essa nova forma de atuação da sociedade civil, como o aumento da população e do consumo, o crescimento econômico ilimitado, a imaturidade no uso tecnológico, a instabilidade psico-emocional e o ego-ismo. Braun, em suma, propõe em sua palestra na Semana a revisão de valores morais, sociais, éticos, econômicos e de consumo da humanidade. No mundo, já existe mais de um milhão de pessoas morando em 15 mil ecovilas. A Rede Brasileira de Ecovilas (ENA) tem 30 comunidades congregadas.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Para que o movimento ambientalista cresça no Brasil, é preciso motivar mais simpatizantes, adeptos, colaboradores, o que acontecerá caso se promova a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, como propõe o Art.225, §1º, VI da Constituição Federal do Brasil, de 1988. “Uma das peças chaves para a conscientização social da necessidade na preservação do meio ambiente é a Educação Ambiental, que virou até mesmo peça de marketing de empresas aflitas por melhorar sua imagem junto à opinião pública” (Graça Caldas). Somente em 1999, a educação ambiental no Brasil ganhou legislação específica, a qual institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Num dos artigos, diz-se que as instituições de ensino, em todos seus níveis, deverão ministrar disciplina sobre meio ambiente, algo que raras vezes acontece país, até mesmo nas escolas públicas.

Para Achim Steiner, diretor-geral da Pnuma, “educar para a construção de uma sociedade sustentável é o princípio que fundamenta o conceito de educação ambiental na atualidade”. Segundo ele, educação ambiental é um conceito novo, que aparece num documento da UNESCO de 1974, mas cujos princípios foram estabelecidos apenas na Agenda 21, da Rio-92. “A educação ambiental pensada de acordo com os princípios da Agenda 21 engloba tanto a educação institucional como a informal, dando especial atenção àquela promovida pela sociedade civil organizada”. Para Ronaldo Nóbrega, “a educação pressupõe não só a conscientização e o exame crítico da realidade, mas visa o desenvolvimento da cidadania”.

E uma das formas encontradas pela sociedade para promover a educação ambiental é através da educomunicação, que une práticas e saberes da pedagogia e da comunicação social. Quem explicou aos participantes da Semana um pouco deste novo campo de conhecimento, ainda em fase de construção, foi Fernanda Dorta, da Rede da Juventude Pelo Meio Ambiente, a Rejuma, que nasceu da necessidade do governo federal de realizar conferências sobre o meio ambiente para a juventude. Um dos objetivos da rede é estimular a criação de uma Agenda 21 nas escolas. São os próprios alunos, através de atividades educomunicacionais, que estabelecem princípios, linha de ação e compromissos desse ‘documento’.

Na mesma mesa que Dorta, na Semana, encontrava-se Valéria Vinha, do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisadora do projeto Ressurgência – Gestão Sócio-Ambiental para o Eco-desenvolvimento de Reserva Extrativista Marinha, um projeto da COPPE/UFRJ em parceria com o IBAMA, UFF, prefeitura de Arraial do Cabo, e patrocinado pelo Programa Petrobrás Ambiental. Vinha é coordenadora da linha de pesquisa “sustentabilidade socioeconômica,” que visa a encontrar meios de financiar a preservação da Resex-mar de Arraial, criada em 1997. O objetivo geral do projeto é promover o desenvolvimento institucional para a sustentabilidade e integridade da ResexMar de Arraial do Cabo e da população tradicional que vive nela. Para chegar ao proposto, buscou-se ampliar o diálogo entre os diversos atores envolvidos na Resex, resolver conflitos, apoiar ações de responsabilidade privada das empresas e promover a educação ambiental. Um trabalho complexo, pois precisa levar em conta o conhecimento dos moradores locais advindo da tradição.

Apesar dos avanços da política de educação ambiental no Brasil, os especialistas da área continuam a reconhecer a importância da atuação dos profissionais de comunicação, vistos não apenas como intermediários no transporte da informação, mas também como peças-chave na construção de um mundo sustentável. Mas é feita uma ressalva: é preciso ocupar-se com a formação destes profissionais, a fim de produzir uma mídia qualificada, seja ela alternativa ou de massa, que satisfaça as necessidades da educação ambiental. Como diz Carlos Tautz, “não é a informação que vai desmontar o sistema neoliberal; só informação não basta; é preciso conscientizar”. Para ele, o jornalista ambiental “acaba exercendo uma perspectiva pedagógica por vocação natural, não que isto seja planejado, mas uma coisa é indissociável da outra”.

Eliana Lima faz um alerta: “A mídia precisa conscientizar-se de que ela faz muitas vezes o papel de educador. Que muitos que a lêem e a assistem só possuem este canal para se informar; não freqüentam ou freqüentaram escolas, não têm acesso a livros”. Carlos Minc sabe dessa importância da mídia como agente educador. Em Sepetiba, como secretário, incentivou a produção de programas ambientais em rádios locais com linguagem acessível a todos. Em outros municípios desenvolve programas que ajudam grupos e associações a se comunicar. “Muitas vezes o ambientalista fica preso a um linguajar difícil”. E continua: “Explicar a um seringueiro, no interior da Amazônia, o que vem a ser um buraco na camada de Ozônio não irá sensibilizá-lo. Mas ao contar-lhe que a derrubada de árvores e queimadas na Floresta pode acabar com os seringais, com certeza ele será comovido”. Outra forma usada por Minc para promover a educação ambiental são as campanhas veiculadas pela Secretaria do Meio Ambiente, como “Crime Ambiental: combate com inteligência”; “Recicle o óleo de cozinha: A poluição vira energia”.

Considerações finais

A Semana da Comunicação Ambiental, ao unir mídia, gestão ambiental, sociedade civil e educação ambiental, contribuiu para formar uma visão ampla e integrada da questão ambiental. Nos últimos 30 anos, mídia, governos, empresas e sociedade civil passaram a se relacionar de outra forma, mais solidária, com o meio ambiente. A cobertura da mídia, especializada ou não, cresceu bastante nos últimos anos, mas ainda sofre com o sensacionalismo de muitos veículos e carece da presença de novos atores em seu discurso. A gestão ambiental passou a ser elemento-chave para a sobrevivência das empresas no mercado, daí o crescimento do marketing verde. Governantes e outras autoridades públicas, através de políticas e legislações, implementam a gestão ambiental participativa e integrada ao desenvolvimento sustentável. A sociedade civil estabeleceu novos canais de diálogo com empresas e autoridades, além de novas formas de manifestarem suas vontades – as ONGs e Ecovilas são um exemplo disso. Por fim, a educação ambiental (educomunicação, através da mídia ou nas escolas), que ganha atenção de todas as esferas da sociedade, não só devido sua capacidade de atrair e comover as pessoas ou de estimular a conscientização ambiental, mas, sobretudo, por ser caminho seguro para o desenvolvimento sustentável.

Bibliografia

Livros:
  • Guatarri, Felix. As Três Ecologias. Editora Papirus, SP, 2006, 17º edição.
  • Economia, meio ambiente e comunicação. Organização de Elimar Nascimento e João Viana. Editora Garamond, 2006, RJ. Capítulos: Os transgênicos na grande imprensa: uma análise de conteúdo (vários autores); Desenvolvimento sustentável no Brasil: dilemas e desafios (Neli Aparecida Mello); Desenvolvimento sustentável: biografia de um conceito; Gestão ambiental no Brasil: arcabouço institucional e instrumentos (Marfia Augusta e Marcel Bursztyn)
Artigos:
  • Do Ecodesenvolvimento ao Desenvolvimento Sustentável: Evolução de Um Conceito?, de Philippe Pomier Layrargues
  • Jornalismo Ambiental: navegando por um conceito e por uma prática, de Wilson da Costa Bueno
  • Jornalistas e cientistas: uma relação de parceria, de Graça Caldas
  • A importância da mídia na conscientização ambiental, de Eliana de Souza Lima
  • Dez Mandamentos da Comunicação Ambiental, de Vilmar Berna
  • Para uma imaginação sociológica da ecologia: uma análise do pensamento de Anthony Giddens, de Cristiano Luis Lenzi
  • Comunicação Ambiental para o desenvolvimento local. Diálogo entre Saberes: uma Experiência Acadêmica no Vale do Ribeira/SP, de Márcia Regina da Silva e Maria Elisa de Paula Eduardo Garavello
  • O Marketing Ambiental, de Eduardo Raccioppi
  • Marketing Verde: Um Instrumento de Competitividade Ou de Sobrevivência?, de Martha Pacheco Scherer e Silvia R. Caballero Poledna
  • Gestão Ambiental Participativa no Rio de Janeiro, de Carlos Minc
  • Meio Ambiente para o desenvolvimento – o Brasil despontando como uma força vital, de Achim Steiner
  • Responsabilidade Social Corporativa, de Haroldo Matos de Lemos
  • Os quatro Desafios do Jornalismo Ambiental Brasileiro, de Roberto Villar Belmonte
  • Pela Democratização da Informação Ambiental, de Vilmar Berna
  • Motivos para o declínio da cobertura ambiental em países em desenvolvimento, de Darryk d’Monte
  • Entrevistas com Carlos Tautz e René Capriles. Portal Imprensa.
  • Contribuição para o ensino do jornalismo especializado: um estudo das representações sobre meio ambiente, de Leonel Aguiar
  • A vez da sociedade civil organizada, de Fábio Feldman
  • Afinal, para que serve a educação ambiental, de Ronaldo Nóbrega Medeiros
  • A sociedade Global do Riscco, de Beck e Zolo.
  • Sistema de gestão e Proteção Ambiental, de Laura Pereira e Marta Tochetto
  • Os sistemas mundiais e a produção do desenvolvimento sustentável, de Samira F. Marzochi
  • Gestão ambiental integrada ao desenvolvimento sustentável, de Adriana Marques Rossetto, Carlos Rossetto, Dora Orth

Sites:
  • Terrazul - www.terrazul.m2014.net
  • Rejuma - www.rejuma.org.br
  • Portal do Meio Ambiente - www.portaldomeioambiente.org.br

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