Por João reis, 10/03/08
Deflagrada pelo Governo Federal no final de fevereiro deste ano, a operação “Arco de Fogo”, conduzida pelo Ministério do Meio Ambiente em conjunto com a polícia federal, enfrenta sérias dificuldades, a começar pela falta de diálogo com os governos dos estados onde ocorre.
Tanto o Pará como Rondônia, estados onde a operação já está sendo executada, possuem economia voltada para a extração de madeira e pecuária extensiva (essa última, principalmente no Pará). Por isso, com a - mais do que justa - intervenção do Governo Federal em cidades campeãs de desmatamento, as principais fontes de renda dessas regiões são ameaçadas.
Não é para menos que os governadores Ana Júlia (PA) e Ivo Cassol (RO) não têm colaborado com a operação. A primeira chegou a dar declarações, confirmando seu apoio ao Governo Federal. No entanto, declara, de forma ambígua, que o Pará terá cerca de 7% de seu PIB cortado caso cessem as atividades de extração ilegal de madeira. Já Ivo Cassol mal se comunica com o Ministério do Meio Ambiente.
Os políticos desses estados, principalmente aqueles das cidades mais afetadas pela operação Arco de Fogo, vêm instigando a população contra as autoridades, dificultando a atuação do Estado no combate ao desmatamento de uma das últimas reservas florestais de grande porte no mundo. Embora seja preciso reconhecer que muitas famílias dessas regiões são afetadas por essa operação, nada justifica o comportamento de tais políticos que, no papel de líderes devem manter a ordem e atuar em consonância com o Governo Federal. Vale ressaltar que a maior parte dos recursos obtidos através dessas atividades vai parar nos bolsos de grandes industriais e desses próprios políticos, e não daqueles que representam a mão-de-obra barata e super-explorada dos setores madeireiro e pecuário.
O Governo Federal deve atuar em duas frentes que, embora aparentemente opostas, complementam-se no sentido de empregar mais consistência à recorrente operação contra o desmatamento. Em primeiro lugar, é preciso endurecer o jogo com os governos dos estados em questão, tanto na esfera estadual quanto municipal, punindo efetivamente os políticos e outras autoridades que são complacentes com atividades prejudiciais ao meio-ambiente. Em segundo lugar, é preciso que o Estado ofereça apoio a tais estados, implementando um plano de manejo, em que outras atividades sejam fomentadas, como o turismo, que poderia trazer uma fonte ainda maior de dinheiro a essas regiões, preservando o ecossistema local.
É tudo uma questão de diálogo. Contudo, em se tratando de Brasil, é possível que ignorância prevaleça.
Estado contra estados
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