A Baía de Guanabara é o ponto de entrada e saída de grandes embarcações no Rio de Janeiro, constituindo-se como importante polo de exportações e importações do Brasil. Além disso, ainda é um cartão postal da cidade, apesar da intensa degradação que vem sofrendo ao longo dos anos.
Todos os dias, centenas de pessoas atravessam a Baía nas tradicionais barcas que saem da Praça XV, no Rio, em direção à Niterói, Paquetá, entre outros destinos. De modo geral, são trabalhadores e estudantes que utilizam as barcas; no entanto, em meio a esses usuários, poderia haver turistas, que atravessariam a Baía apenas para apreciá-la.
Geraria-se, de tal modo, mais renda, tanto para o Rio quanto para Niterói, e até mesmo para a velha conhecida Ilha de Paquetá, que hoje é vítima da desmesurada poluição da Baía.
Essa é só uma idéia em meio a tantas outras que poderiam ser aplicadas caso a Baía de Guanabara fosse recuperada. O que falar dos pescadores que teriam mais fartura em seu trabalho? E as cidades do entorno da Baía, como Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, entre outras, que poderiam se beneficiar econômica e socialmente com sua recuperação?
A imprensa anunciou, no dia 13 de março deste ano, que o JBIC (Banco Japonês para Cooperação Internacional) liberará nova linha de crédito para o Plano de Despoluição da Baía de Guanabara (PDGB), do qual é credor e que está em andamento desde 1994.
Conduzido pelo Governo do Estado, através da CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) o Plano foi elaborado nos mesmos moldes do projeto que recuperou a Baía de Tóquio, no Japão. Apenas na Primeira fase do Projeto, que ainda não foi finalizada, embora o prazo já tenha sido expirado, foram consumidos mais de 1 bilhão de reais, segundo consta no site da CEDAE. Essa cifra representa mais de 80% dos recursos destinados ao Plano, que ainda terá mais duas fases. Ou seja, mais uma vez, a administração pública de recursos mostra-se ineficiente, incapaz de gerir corretamente, sem desvios de verbas - o que muito provavelmente vem acontecendo nesse caso - o dinheiro destinado ao Plano de Despoluição da Baía.
Se, após 14 anos de execução do Plano, a Baía de Guanabara, encontra-se, visivelmente, degradada (quem pega a Linha Vermelha todos os dias, para ir ao Fundão, por exemplo, sabe do que estou falando), e a primeira fase não foi sequer concluída, mesmo com todo o investimento que foi feito, será que algo mudará a partir de agora?
Um dos caminhos que possibilitariam avanços no PDGB seria o envolvimento dos principais usuários da Baía, como os pescadores artesanais, que conhecem a fundo seus problemas. Além disso, deve-se atentar para o papel da indústria na poluição da Baía, cujos índices de elementos como o zinco (Zn) e cádmio (Cd) representam sérios riscos à fauna marinha e à saúde da população fluminense, que consome peixes locais.
É imprescindível que o Governador Sérgio Cabral e o Presidente da CEDAE Wagner Victer - que declarou ao Jornal do Brasil que "o governo tem métodos gerenciais que primam pela excelência da gestão" - fiquem atentos à gerência deste novo recurso que será liberado. Afinal de contas, o estado do Rio de Janeiro merece reaver as belezas da Baía, que poderia ser símbolo da luta pela preservação ambiental em todo o país.
A Baía de Guanabara ainda agoniza
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário