O modelo insustentável de agricultura, a superpopulação e a ameaça à vida na Terra


Por João Reis, 19/03/08

Para que se chegasse aos atuais 6 bilhões de habitantes na Terra, foi preciso que, ao longo de sua história, a humanidade se desenvolvesse em diversos quesitos: saúde, educação, sociabilidade, ciências, artes, etc.

Mas foi apenas ao deixar de ser nômade, que o homem pôde ter tempo livre para evoluir, realizando atividades que não estivessem diretamente ligadas a sua sobrevivência, como a procura por alimentos, por exemplo.

A sedentarização das populações humanas ocorreu há cerca de dez mil anos, na Mesopotâmia, e foi viabilizada pela assimilação e prática da agricultura. A partir de então, a economia dessas populações passou a ser produtiva, geradora de excedentes e baseada na exploração da Terra.

Ao garantir a alimentação durante o ano inteiro, já que, com a nova tecnologia utilizada, podia-se plantar, nas estações adequadas, uma quantidade que abastecesse a aldeia por todo esse período, o homem resolveu um de seus principais problemas, que era obter alimentos quando bem entendesse.

A partir desse ponto, a humanidade se desenvolveu, organizou-se em sociedades, viu elevar sua expectativa de vida e, mais recentemente, viu o meio ambiente apresentar claros sinais de degradação.

Um desses sinais, a poluição do ar, rios e mares, é um dos graves problemas ambientais de hoje, e e é conseqüência da industrialização das cidades e de um modelo urbanista que, substitui a vegetação nativa por concreto e que demanda muita energia, ou seja, combustíveis fósseis cuja queima é nociva ao meio-ambiente.

Esse aspecto - a poluição - vem sendo muito abordado pela mídia, com o sensacionalismo característico; enfim, é tratado quase como a causa única do degradação instaurada por todo o planeta. No entanto, a agricultura, até por ser uma atividade que, no geral, é realizada no campo, nas áreas rurais, por uma mão-de-obra barata e desinformada, e mais afastada dos olhos das autoridades e das cabeças pensantes do meio urbano, é responsável pelo desmatamento em larga escala de florestas por todo o mundo. Vide a prática das queimadas - que gera a emissão de grandes quantidades de gás carbônico para atmosfera (intensificando a poluição) - para o estabelecimento de grandes monoculturas, levando ao empobrecimento do solo e à redução da biodiversidade global. Nem por isso, os grandes meios de comunicação alertam para esse problema, até porque dependem do patrocínio das empresas que promovem tais atividades.

O fato é que o modelo de agricultura predominante hoje é insustentável, pois depende de novas frentes de expansão que dissolvem as fronteiras com as florestas, e reiniciam, a todo instante, o processo de exploração dos recursos naturais locais, sem visão alguma de longo prazo; sem perspectiva de renovação e reuso do solo.

Enquanto isso, a população mundial não pára de crescer e os países desenvolvidos (os maiores responsáveis pela degradação ambiental), que já não têm terras cultiváveis o suficiente para alimentar seu próprio povo, vão usando cada vez mais o território dos países sub-desenvolvidos, como o Brasil, como grandes hortas e fazendas. Ou seja, mantêm a sede das empresas e escritórios, a tecnologia e o Know-How dentro de suas fronteiras, dominando a política e o mercado financeiro e, ainda por cima, subsidiam o setor primário de suas economias, promovendo uma concorrência desleal com as exportações dos países mais pobres.

Os países subdesenvolvidos deveriam analisar essa situação com olhos mais críticos e fazer o que é melhor para seus povos, sempre com responsabilidade socioambiental. Precisam, acima de tudo, alimentar sua população, que passa fome, e educá-la. Assim, novas tecnologias poderão ser desenvolvidas e patenteadas em nome de suas nacionalidades, e aplicadas para solucionar seus próprios problemas.

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