Criado comitê para o desenvolvimento sustentável do delta do rio Paraná

Objetivo é o ordenamento ambiental da região

Por João Reis, 26/09/08

O governo federal argentino e as províncias de Buenos Aires, Santa Fé e Entre Rios fizeram um acordo ontem para implementar um plano de conservação e aproveitamento sustentável no Delta do rio Paraná. O tratado visa ao ordenamento ambiental do da região conhecida como Mesopotâmia – por ser extremamente úmida – que, além de abrigar rica biodiversidade, cumpre múltiplas funções ambientais.

A mobilização encabeçada pela Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Argentina é uma resposta aos recorrentes incêndios de pastos que vêm atingindo diretamente esse singular bioma do país. Até abril deste ano, mais de 70 mil hectares de mata nativa já haviam sido destruídos pelo fogo.

Além de irreversíveis danos ambientais, as queimadas prejudicam aos povos nativos da região, cidades próximas e estradas, oferecendo riscos aos motoristas devido à baixa visibilidade.

Durante a cerimônia realizada na Casa Rosada, firmou-se um convenio para o fortalecimento do sistema provincial de controle ambiental, através do qual o Governo Federal dará assistência técnica e liberará 600 mil pesos para que a província de Entre Rios reforce os sistemas de controle e fiscalização sobre as atividades econômicas e sociais de maior incidência sobre o meio ambiente.

Expansão sojeira está na raiz do problema

As queimadas que atingem o Delta do Paraná são provocadas principalmente por criadores de gado, que visam ao melhoramento de pastos a baixo custo e expandir suas terras. Com a forte seca que atinge a região desde 2007, o fogo se espalha com maior facilidade, dificultando o trabalho dos bombeiros.

A expansão da “fronteira pecuária” é movida principalmente pelo crescimento desenfreado da produção de soja na Argentina, onde cerca de 50 % das terras cultivadas já estão ocupadas por esse grão. É o que dizem especialista como Eugenia Testa, responsável pela Campanha de Bicombustíveis do Greenpeace:

- A pressão por conseguir novas terras para o gado é outra das facetas do modelo agropecuário dos últimos tempos na Argentina, que se caracteriza pela expansão da agricultura, monopolizada pela soja, em detrimento dos últimos ecossistemas nativos.

Os humedais do Delta – como é chamado o ecossitema local – pertencem ao corredor ecológico mais importante do mundo, que se estende desde o pantanal de Mato Grosso do Sul, no Brasil, ao Rio da Prata. O delta do Paraná abriga cerca de 700 espécies vegetais, 543 espécies de vertebrados e sua grande riqueza em aves, com 260 espécies, representa 31 % da avifauna argentina.

A destruição do habitat e o aumento da pressão sobre os recursos naturais revelaram-se como fatores principais da diminuição e desaparição de espécies.


Com Secretaria de Ambiente y Desarrollo Sostenible de La Nación e Fundación Proteger

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